LGBTQIA+ nos escritórios.

28 de junho de 2021

Como foi ser LGBTQIA+ em escritórios hoje em dia?

Antes de falar o que presenciei, vale lembrar que não existe somente um formato de LGBTfobia. O que é conhecido pela sociedade é somente a violência física. Mas para a vivência de quem é LGBTQIA+, essa é somente uma das formas.

Por uma perspectiva pessoal, acredito que a LGBTfobia, principalmente em escritórios, adquiriu um tom passivo-agressivo. Então, o que chegavam até meus ouvidos não eram agressões verbais ou ameaças, e sim “conselhos”.

Diversas dicas de “quem estava a mais tempo no mercado” sobre ter um tom de voz adequado, ter uma atitude agressiva em relação a tudo e várias outras dicas que basicamente se referiam a uma personalidade a qual eu não tinha, e de como seguir o único caminho dentro de uma empresa para conseguir o respeito de demais colaboradores. Porque isso ainda não mudou: na cabeça de quem se diz “dentro dos padrões da sociedade”, o respeito não vem automático: precisamos consegui-lo.

Ainda existe o pensamento de que você precisa conquistar algo que já é seu por direito: o de existir, de ter sua personalidade, seus trejeitos, seu tom de voz, a maneira de cada um. Você precisar ser quem não é por uma promessa de “ganhar o respeito”, que não é tão mortal quanto um ato violento físico, mas aos poucos o indivíduo se perde dentro da necessidade de ter um personagem dentro da necessidade de precisar conviver em um ambiente hostil – pois mesmo não sendo tão agressivo, não deixa de ser hostil, tornando impossível a sensação de segurança e até mesmo de autoestima, dando abertura para vários sofrimentos mentais como a ansiedade e a depressão.

A aplicação incorreta do termo “opção sexual” em diversos ambientes de trabalho também faz parte da LGBTfobia em escritórios, sendo necessária a compreensão que quando se trata de sexualidade, não cabe dentro de uma questão de escolha. Seja para o homossexual, bissexual ou heterossexual.

Acredito que as pessoas precisam entender além do pensamento que apoiar a causa é somente colocar um arco-íris na foto de perfil. Precisa-se estabelecer relações seguras de amizade e profissional, recebendo e entendendo a expressão de cada um, criando por fim, ambientes seguros e verdadeiramente diverso, pois está implícito que existe algo de direito a todos: respeito pela vivência e vida do próximo.

 

Renato Costa.

 

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