Desempenho térmico em edificações: fundamentos, normas e soluções

Descubra fundamentos, normas e soluções de desempenho térmico em edificações. Saiba como aplicar a NBR 15575:2021 em seus projetos
Desempenho térmico

Quando falamos em qualidade de uma edificação, pensamos logo em segurança, estética e funcionalidade. Mas existe um fator menos visível, embora decisivo para a experiência do usuário: o desempenho térmico. 

Esse conceito, amplamente discutido na NBR 15575:2021, estabelece critérios para garantir que os ambientes mantenham temperaturas adequadas ao conforto humano, reduzindo o uso excessivo de ar-condicionado ou aquecedores.

Mais do que uma exigência normativa, o desempenho térmico é uma questão de sustentabilidade, economia e valorização imobiliária. Projetos que o consideram desde a fase de concepção entregam eficiência energética, menor impacto ambiental e maior qualidade de vida para os usuários.

Neste guia completo, vamos explorar os fundamentos do desempenho térmico em edificações, entender como a NBR 15575:2021 estabelece seus critérios, discutir métodos de avaliação e apresentar soluções inteligentes para otimizar projetos. 

O que é desempenho térmico em edificações e por que ele é indispensável

O conceito de desempenho térmico em edificações está diretamente ligado à capacidade de um edifício manter condições de conforto térmico para os usuários, independentemente das variações do clima externo. 

Em outras palavras, trata-se de como a construção responde ao calor e ao frio, reduzindo a necessidade de equipamentos artificiais de climatização.

Essa característica tem impacto direto na saúde, bem-estar e produtividade das pessoas. 

Ambientes com excesso de calor geram fadiga, desconforto e até riscos à saúde. Já espaços excessivamente frios demandam maior consumo energético, elevando custos operacionais e emissões de carbono. Por isso, o desempenho térmico conecta-se à sustentabilidade, à economia e à habitabilidade.

Um edifício que apresenta bom desempenho térmico:

  • mantém temperaturas internas próximas da zona de conforto humano;
  • reduz a dependência de sistemas de climatização;
  • prolonga a vida útil de materiais e sistemas construtivos, ao minimizar choques térmicos;
  • valoriza o imóvel, pois oferece melhores condições de uso e eficiência energética.

Esse tema tornou-se indispensável em qualquer projeto. Atender às exigências da NBR 15575:2021 é essencial para garantir que o empreendimento não apenas cumpra requisitos legais, mas também se destaque no mercado imobiliário.

Integração com eficiência energética e sustentabilidade

Quando bem planejadas, as soluções construtivas que focam no conforto térmico se transformam em ferramentas poderosas para reduzir o consumo energético, bem como prolongam a vida útil dos materiais e diminuir impactos ambientais.

Além disso, ao limitar ganhos e perdas de calor, a edificação demanda menos uso de climatizadores artificiais. Isso reduz significativamente o consumo elétrico e, consequentemente, os custos de operação.

Materiais com baixa transmitância, coberturas vegetadas e fachadas ventiladas colaboram para menor emissão de carbono associada à operação do edifício, alinhando-se às metas globais de neutralidade climática.

Portanto, um ambiente termicamente equilibrado reduz riscos de desconforto, estresse térmico e problemas respiratórios associados a sistemas artificiais de climatização.

Um critério importante na busca por certificações ambientais

Projetos que incorporam soluções de desempenho térmico avançado têm mais chances de conquistar certificações ambientais como LEED, AQUA-HQE, EDGE ou WELL.

Competitividade de mercado

No cenário atual, a eficiência energética deixou de ser diferencial e se tornou requisito de mercado. 

Incorporadoras, arquitetos e engenheiros que apresentam projetos com bom desempenho térmico agregam valor econômico ao empreendimento, conquistam maior aprovação dos órgãos reguladores e oferecem imóveis mais atraentes para consumidores cada vez mais atentos à sustentabilidade.

NBR 15575:2021: como a norma define e exige o desempenho térmico

A NBR 15575:2021 é considerada um marco regulatório para o setor da construção no Brasil. 

Sua criação trouxe uma mudança de paradigma: o foco deixou de estar apenas em como construir e passou a ser em como a edificação se comporta ao longo do tempo. Isso inclui segurança, habitabilidade e sustentabilidade, sendo o desempenho térmico um dos pilares centrais.

Estrutura da norma e partes relacionadas ao desempenho térmico

A norma é composta por seis partes, cada uma voltada a um subsistema da edificação. Para o desempenho térmico, as mais relevantes são:

  • Parte 1: requisitos gerais, que estabelecem conceitos, métodos de avaliação e diretrizes aplicáveis a todas as edificações;
  • Parte 4: requisitos para sistemas de vedações verticais internas e externas, com critérios de transmitância e capacidade térmica das paredes;
  • Parte 5: requisitos para coberturas, incluindo transmitância térmica e ventilação das soluções de cobertura.

Essas partes trabalham em conjunto para determinar se uma edificação atende às exigências mínimas de conforto térmico.

Níveis de desempenho previstos na norma

Para incentivar a qualidade das edificações, a NBR 15575:2021 estabelece três níveis de atendimento:

  • Mínimo: assegura condições básicas de habitabilidade e deve ser sempre alcançado;
  • Intermediário: apresenta parâmetros superiores, garantindo maior estabilidade e conforto térmico;
  • Superior: exige soluções de excelência, posicionando o projeto em um patamar diferenciado.

Esse modelo progressivo oferece flexibilidade, permitindo que empreendimentos sejam planejados conforme seus objetivos e público-alvo, mas sempre respeitando o limite mínimo normativo.

Importância das zonas bioclimáticas

A análise do desempenho térmico depende das condições climáticas locais. 

Assim, considerar as zonas bioclimáticas brasileiras  em projetos arquitetônicos é essencial para adequar as soluções às características de temperatura e umidade de cada região, evitando soluções genéricas e aumentando a eficácia das estratégias de conforto térmico.

Embora normas da ABNT tenham caráter voluntário, a NBR 15575:2021 ganhou força legal ao ser incorporada em programas habitacionais, contratos de financiamento e certificações ambientais. 

Além disso, ela costuma ser usada como parâmetro técnico em ações judiciais envolvendo vícios construtivos.

Isso significa que, para construtoras, incorporadoras e escritórios de arquitetura, atender à norma não é apenas uma questão técnica, mas também de segurança jurídica e competitividade no mercado.

Fundamentos técnicos para garantir conforto térmico em projetos

Garantir conforto térmico em edificações exige compreender alguns fundamentos técnicos que orientam tanto a concepção arquitetônica quanto a escolha de materiais e sistemas construtivos. 

A NBR 15575:2021 e a NBR 15220 estabelecem os critérios que permitem traduzir conceitos de desempenho em parâmetros mensuráveis, reduzindo incertezas e dando base para decisões de projeto.

Transmitância térmica (U)

A transmitância térmica representa a quantidade de calor que atravessa um elemento construtivo, como uma parede, cobertura ou piso, por unidade de área e por diferença de temperatura. 

Quanto menor for o valor de U, maior será a resistência do elemento à passagem de calor, o que contribui para ambientes mais estáveis termicamente.

Em regiões muito quentes, recomenda-se limitar a transmitância para reduzir o ganho excessivo de calor. Já em zonas frias, além do isolamento, pode ser interessante permitir algum nível de troca para aproveitar ganhos solares no inverno.

Capacidade térmica (CT)

A capacidade térmica está relacionada à quantidade de calor que um material ou conjunto de materiais consegue armazenar antes de variar sua temperatura. 

Elementos com alta capacidade térmica – como paredes espessas de alvenaria – retardam a transmissão de calor, criando um efeito de “amortecimento” nas variações de temperatura ao longo do dia.

Esse conceito é essencial em regiões de clima seco, onde a amplitude térmica entre dia e noite é elevada. Nessas condições, paredes com alta inércia térmica absorvem calor durante o dia e liberam gradualmente à noite, equilibrando o ambiente interno.

Ventilação natural

Outro fundamento central é a ventilação natural, que contribui tanto para a renovação do ar quanto para a regulação da temperatura interna. 

A norma exige aberturas proporcionais à área do ambiente para assegurar taxa mínima de ventilação. Além disso, recomenda a adoção de ventilação cruzada em zonas quentes e úmidas.

Fator solar de aberturas (FS)

O fator solar mede a fração da radiação solar que atravessa elementos transparentes, como vidros, e chega ao interior do edifício. 

Ao passo que, em regiões quentes, vidros com baixo fator solar, associados a brises e películas de controle, evitam o superaquecimento dos ambientes, em locais frios, ao contrário, pode ser estratégico optar por aberturas com maior ganho solar, aproveitando o aquecimento passivo.

Relação com o zoneamento bioclimático

A aplicação desses fundamentos deve estar sempre alinhada ao zoneamento bioclimático vigente. Por exemplo:

  • Nas zonas 1R e 1M (muito frias), a prioridade é isolamento e ganho solar passivo.
  • Nas zonas 3A e 4A (mistas e úmidas), a ventilação e o sombreamento são decisivos.
  • Nas zonas 5B e 6B (quentes secas e muito quentes secas), prevalece o uso de massa térmica elevada e proteção solar.

Combinados, esses parâmetros permitem que o empreendimento concilie eficiência energética, conforto e durabilidade.

Como medir e simular o desempenho térmico de uma edificação

A avaliação do desempenho térmico de edificações pode ser realizada de diferentes formas. 

A NBR 15575:2021 define métodos com a finalidade de verificar se um projeto atende aos requisitos mínimos de conforto, considerando a zona bioclimática e as características construtivas. 

Esses métodos podem ser aplicados em fases distintas: ainda na concepção do projeto, na análise de soluções construtivas ou mesmo em edificações já executadas.

Procedimento simplificado (prescritivo)

O procedimento simplificado é normativo e consiste em verificar as propriedades térmicas dos elementos construtivos – paredes externas e coberturas – comparando-as com os valores de referência da norma.

  • Transmitância térmica (U): deve respeitar os limites máximos estabelecidos para cada zona bioclimática.
  • Capacidade térmica (CT): precisa atingir valores mínimos, garantindo que os elementos armazenem calor de forma adequada.
  • Aberturas de ventilação: devem atender às proporções exigidas para garantir renovação de ar e ventilação cruzada em ambientes de permanência prolongada.

Esse método é direto e rápido, mas apresenta limitações. Em muitos casos, não consegue classificar o edifício, principalmente em climas de alta variação térmica.

Simulação computacional

Contudo, quando o procedimento simplificado não é suficiente, a norma prevê o uso da simulação computacional. 

Nesse caso, um modelo digital da edificação é criado em softwares especializados (como EnergyPlus ou DesignBuilder), permitindo avaliar seu desempenho ao longo do ano, em diferentes condições climáticas.

As simulações consideram:

  • a envoltória completa (paredes, coberturas, aberturas);
  • a orientação solar do edifício;
  • o comportamento térmico horário e sazonal;
  • estratégias passivas de ventilação e sombreamento.

Esse método é mais preciso, já que reproduz cenários reais de ocupação e uso. Por outro lado, exige conhecimento técnico especializado e tempo maior para execução.

Medição em protótipos ou edificações construídas

A NBR 15575:2021 também admite medições em edificações reais ou protótipos como forma de avaliação. 

Nesse caso, sensores registram dados de temperatura, umidade, radiação e ventilação, comparando-os com os limites de conforto definidos na norma.

Embora seja um método mais caro e menos usual na fase de projeto, pode ser muito útil em auditorias técnicas, estudos de pós-ocupação ou quando há necessidade de validar soluções inovadoras que não se enquadram nos critérios tradicionais.

Soluções inteligentes para otimizar o desempenho térmico

O desempenho térmico de uma edificação pode ser significativamente aprimorado a partir de escolhas inteligentes de projeto e de materiais. 

A NBR 15575:2021 estabelece critérios mínimos, mas cabe ao arquiteto e ao engenheiro adotar soluções que garantam não apenas conformidade, mas também eficiência, conforto e sustentabilidade.

Estratégias passivas de projeto

As estratégias passivas são aquelas que utilizam as condições naturais do local para controlar o ambiente interno, sem depender de sistemas mecânicos. Entre as mais eficazes, destacam-se:

  • Orientação solar adequada: posicionar aberturas para aproveitar o sol no inverno e reduzir a incidência direta no verão.
  • Ventilação cruzada: projetar aberturas em fachadas opostas, permitindo fluxo contínuo de ar.
  • Sombreamento externo: uso de brises, beirais, marquises ou vegetação para bloquear a radiação solar direta em fachadas críticas.
  • Aproveitamento da inércia térmica: priorizar paredes com maior capacidade de armazenamento térmico em regiões de grande amplitude térmica.

Materiais de alto desempenho

A escolha dos materiais é determinante para controlar a transferência de calor:

  • Isolantes térmicos: aplicados em coberturas e fachadas, reduzem significativamente a transmitância térmica.
  • Revestimentos refletivos: tintas claras ou especiais que aumentam a refletância solar e diminuem o aquecimento superficial.
  • Vidros de controle solar: reduzem o fator solar, limitando a entrada de calor sem comprometer a iluminação natural.
  • Paredes de dupla camada: permitem o uso de câmaras de ar ou preenchimentos isolantes, equilibrando transmitância e capacidade térmica.

Mais que conforto: integração do desempenho térmico com outros critérios da NBR 15575:2021

O desempenho de uma edificação não se resume à sua capacidade de manter temperaturas agradáveis. 

A NBR 15575:2021 estabelece que, além do conforto térmico, o edifício deve atender a requisitos de desempenho acústico e desempenho lumínico, compondo um conjunto de fatores que garantem qualidade de vida, eficiência energética e sustentabilidade.

O trio do conforto: temperatura, silêncio e luz

  • Térmico: avalia a envoltória e a capacidade de manter temperaturas internas adequadas, considerando transmitância, capacidade térmica e ventilação.
  • Acústico: trata do isolamento de ruídos externos e internos, assegurando privacidade e bem-estar dos usuários.
  • Lumínico: estabelece padrões de iluminação natural e artificial que garantam conforto visual e eficiência energética.

Esses três critérios não funcionam de maneira isolada. Por exemplo, uma janela projetada para maximizar iluminação natural também influencia o desempenho térmico e acústico. 

Da mesma forma, uma fachada ventilada pode melhorar o conforto térmico, mas exige análise de seu impacto na entrada de luz e som.

Conforto real vem da harmonia

A integração entre os três aspectos define a percepção de conforto real em um espaço:

  • Ambientes silenciosos, mas mal iluminados, comprometem a produtividade.
  • Espaços bem iluminados, mas com variações térmicas constantes, reduzem o bem-estar.
  • Projetos energeticamente eficientes que não consideram a acústica podem gerar incômodo e insatisfação.

Assim, o desempenho global depende de um equilíbrio, no qual cada aspecto é considerado em conjunto desde a fase de concepção do projeto.

Por que essa integração importa no mercado

A integração entre térmico, acústico e lumínico é valorizada em certificações ambientais como LEED, AQUA-HQE e EDGE, que avaliam a qualidade do ambiente interno de forma holística. 

Empreendimentos que alcançam altos padrões nesses três aspectos tornam-se mais competitivos, conquistam maior valor de mercado e oferecem diferenciais claros aos usuários.

Como a Harmonia ajuda seu projeto a atender às normas de desempenho

Atender às exigências da NBR 15575:2021 não é apenas uma obrigação legal. É também um caminho para agregar valor aos projetos, ampliar sua competitividade e garantir qualidade de vida aos usuários finais. 

É nesse ponto que a Harmonia atua como parceira estratégica de arquitetos, engenheiros e incorporadoras.

Consultoria especializada em desempenho térmico e conformidade normativa

Com quase 30 anos de experiência e participação ativa em comitês da ABNT e ISO, aliamos conhecimento técnico profundo a uma visão prática das demandas do mercado. 

Isso permite que nossa consultoria vá além da leitura da norma, traduzindo requisitos em soluções aplicáveis, que respeitam o orçamento e potencializam o desempenho global das edificações.

Simulações técnicas e ensaios

Utilizamos modelagem computacional avançada, análise climática detalhada e simulações de verão e inverno para avaliar o desempenho térmico dos projetos. 

Além disso, realizamos ensaios técnicos padronizados, que funcionam como um “teste de realidade” para comprovar que a obra atende de fato aos parâmetros normativos. 

Esse processo garante previsibilidade e reduz riscos de retrabalho ou custos extras.

Transformando requisitos em diferenciais competitivos

Cada estudo entregue pela Harmonia vem acompanhado de relatórios claros, indicações construtivas e alternativas viáveis para os pontos críticos. 

Mais do que adequar projetos à norma, nosso objetivo é transformar a conformidade em diferencial: empreendimentos que oferecem conforto térmico, acústico e lumínico integrado ganham destaque em certificações ambientais e maior valorização no mercado.

A força da experiência acumulada

Com mais de 6.000 projetos realizados em segmentos como residencial, corporativo, saúde, escolas, hotéis, museus e auditórios, a Harmonia se consolidou como referência em soluções integradas de desempenho. 

Do requisito normativo ao diferencial competitivo

Quando aplicada corretamente, a Norma de Desempenho deixa de ser um checklist burocrático e se transforma em ferramenta estratégica. 

Ela ajuda a reduzir riscos, a melhorar a eficiência energética, a elevar o conforto global dos usuários e, sobretudo, a diferenciar o empreendimento em um mercado competitivo.

Portanto, projetos que alcançam desempenho térmico, acústico e lumínico de excelência transmitem confiança, conquistam certificações ambientais e atraem compradores cada vez mais exigentes. 

A conformidade normativa, nesse contexto, não é um custo adicional, mas um investimento em qualidade e reputação.

Seja em empreendimentos residenciais, corporativos, hospitalares ou culturais, transformar requisitos normativos em diferenciais competitivos é o caminho para construir com inovação e responsabilidade.

Solicite uma análise técnica do seu projeto com a Harmonia e descubra como transformar normas em valor de mercado.

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